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Notícia » 16/05/2022

Diesel caro sufoca o setor de transporte

No governo Bolsonaro, o preço do diesel, nos postos de Manaus, registrou aumento de 82%, saindo de R$ 3,80 para R$ 6,90

Embutido em praticamente todos os  produtos, o valor do frete é diretamente influenciado pelo custo do diesel. O combustível   acumula alta na bomba de 82%  desde o final de 2018. À época, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), o litro do diesel comum era comercializado a R$ 3,80 e hoje  nos postos chega, em média, às mãos do consumidor manauara a R$ 6,90.

Fazer essa conta  caber no orçamento  é um desafio diário na TRA Logística, empresa especializada em transportes,  que atende principalmente as indústrias situadas no Polo Industrial de Manaus (PIM). Segundo o empresário Gilvan Huosell, desde 2018, o valor de um frete Manaus-Boa Vista, por exemplo, saiu de R$ 4,5 mil para mais de R$ 8 mil.

Se calculados os valores por tabela para as várias localidades nas quais a empresa atua, de acordo com ele, o valor subiu em média 60% em três anos considerando todos os custos logísticos que, além dos combustíveis, englobam valores administrativos, manutenção de veículo e segurança.

 Negociações

 “Está difícil porque o aumento de preços tem mexido muito com a nossa estrutura de custos e o diesel tem uma participação muito grande principalmente nas nossas viagens. Então toda hora precisamos estar negociando alguma coisa com o cliente”, contou o empresário.

E não é para menos. Levamento realizado pela Ticket Log apontou que o combustível, nos tipos comum e S-10, vendidos no Norte do país, são os mais caros de todo território nacional, com valores entre  R$ 7,088 e R$ 7,269, com altas de 3,01% e 3,56%, de janeiro a abril, respectivamente. Nessa conta não entra o reajuste dessa semana. A medida que o preço aumenta, a situação fica mais complicada.

“Não tem como driblar. O diesel nós temos que pagar a vista para o posto, quando a gente consegue fazer um faturamento de no máximo  10 dias, dependendo do posto onde a gente abastece. Mas na estrada tem que pagar em ‘cash’ (dinheiro). Quando a gente recebe do cliente demora pelo menos 20 dias (para pagamento), tem cliente que paga com 75 até 90 dias”, esclareceu o empresário.

Novas contratações na empresa estão condicionadas a contratos temporários de prestação de serviços. Para reduzir os custos das viagens, Gilvan disse que a saída dos veículos tem sido retardada para que mais cargas possam sair juntas para o mesmo destino, e, segundo ele, a situação tem se repetido em diversas transportadoras, inclusive nas de grande porte por conta da imprevisibilidade do aumento dos combustíveis.

 Do dia pra noite

 “Se avisassem que daqui a três meses terá um aumento do diesel, a gente se programa, mas aumentar do dia pra noite fica difícil. A Petrobras anuncia que amanhã vai ter um aumento, mas você [empresário] não pode fazer a mesma coisa com os teus clientes. Não existe isso. Aí depois o presidente manda embora o ministro como se ele fosse o culpado. O culpado é o ‘Bolsovírus’ mesmo, infelizmente”, afirmou.

Gilvan Huosell lembra que já presenciou casos em que transportadoras passam as cargas para outras empresas para não perder os clientes, mesmo com o custo sendo maior do que o frete.

“É o desespero de muitos transportadores. Aí quando você vai ver a empresa fecha, porque não consegue sobreviver. Não existe milagre. A gente fica assustado e preocupado. Quantas vezes eu pensei em vender a empresa, dizendo: chega de sofrer, mas aí estamos sendo resistentes igual Amélia, fica apanhando o tempo todo”, lamentou.

Logispesa - Associação Brasileira de Logistica Pesada.