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Notícia » 13/10/2021

Na China, Agro veste Prada. Movimento da icônica italiana é um excelente ponto de reflexão para as marcas brasileiras

Publicado por: AGROLINK -Leonardo Gottems

Um mercado de hortifrúti em Xangai, na China, foi totalmente “vestido” de Prada em uma ação de marketing da grife italiana. As vitrines foram substituídas por gesso rosa e um enorme logotipo da icônica marca de roupas de luxo.

“Um mar de mulheres jovens esbeltas posando ao lado de tomates maduros e berinjelas se erguia, como uma fileira de manequins. As cores lúgubres contrastavam com a cena ao redor, os tons e aromas comuns de pãezinhos cozidos no vapor, leite de soja e palitos de massa frita”, conta Chang Che, vizinho do mercado e redator da equipe de Negócios e Tecnologia do portal SupChina. 


De acordo com ele, uma multidão invadiu o mercado e transformou a rotina dos vendedores de produtos agrícolas e seus clientes tradicionais. A ação aproximou mundo agro de pessoas que talvez nunca tenham comprado alimentos direto do produtor, e até aqueles que imaginam que o feijão e o arroz brotam nas prateleiras do supermercado.

A promoção durou duas semanas e fazia parte da “Feels Like Prada”, uma campanha publicitária para a nova linha de roupas de outono/inverno da marca. A parceria com o mercado é parte do desejo da grife de fazer parceria com varejistas locais para uma “experiência mais autêntica”.

Embora a iniciativa de associação com o agro tenha sido pioneira, a marca italiana é conhecida por seus empreendimentos no setor de alimentos. Em 2015 a Prada comprou uma confeitaria em sua cidade natal, Milão, e desde então expandiu sua marca – associada a luxo e status – para cafés e padarias. 

“Se tudo correr conforme o planejado, grandes cidades como Tóquio, Londres, Roma e Paris logo terão doces da marca Prada, café e talvez até vegetais. ‘Isso é o mais perto que cheguei de poder comprar bens de luxo’, escreveu um blogueiro local. Para a Prada, esse era exatamente o ponto”, revela Chang Che. 

Quando questionada sobre a nova incursão da Prada na área de alimentos, a designer-chefe Miuccia Prada disse ao jornal britânico Guardian: “Eu queria tornar a cultura atraente para os jovens [para que eles vissem] que é necessário para sua vida... Arte é para todos e não é uma questão de propriedade privada”.

A ousada decisão da Prada de associar seu prestígio ao agronegócio é um excelente ponto de reflexão para as marcas brasileiras. No Brasil, referência mundial no agro, é comum marcas e marqueteiros promoverem a narrativa de que a agricultura prejudica, mata e destrói. Ainda é cosiderado politicamente correto o ataque à tecnologia, que faz o Brasil produzir mais e torna os alimentos mais acessíveis. Quem tem razão nessa história?

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