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Notícia » 17/05/2021

Indústria migra do Sudeste para demais regiões em 10 anos, diz CNI

SP e RJ perderam participação na produção nacional, enquanto RS, PR, BA, PE e  aumentaram sua importância

A indústria brasileira reduziu sua participação no Sudeste e aumentou nas demais regiões do país, conforme estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira (17).

O levantamento mostra que, em uma década, São Paulo perdeu 5,5 pontos percentuais de participação na produção manufatureira do Brasil, a maior queda entre os 26 estados e o Distrito Federal. A pesquisa compara os biênios 2007-2008 e 2017-2018. O Rio Janeiro obteve o segundo pior desempenho, com recuo de 1,1 ponto percentual.

Segundo o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, São Paulo continua sendo o principal parque industrial, mas a indústria brasileira tem migrado do Sudeste, que perdeu 7,5 pontos percentuais na indústria de transformação, principalmente para as regiões Sul e Nordeste, que aumentaram 3,2 pontos e 2,9 pontos respectivamente.

São Paulo responde atualmente por 38,15% do valor adicionado da indústria de transformação, o segundo colocado, Minas Gerais, tem 10,09%.

Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, essa diversificação regional é positiva e colabora para o desenvolvimento econômico de outras regiões. “A indústria usualmente paga os melhores salários e fermenta indústrias menores dentro da mesma cadeia produtiva e alavanca os outros setores, como o de serviços”, avalia.

Pará foi o estado que mais ganhou espaço na produção industrial nacional total, em razão do crescimento de sua indústria extrativa, sobretudo da extrativa mineral, e aumentou 1,5 ponto percentual. Junto com o Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, formam o grupo dos cinco estados de melhor desempenho.

Além deles, a Bahia se destaca por ter sido o estado que mais ganhou importância na produção da indústria de transformação no período. Sua participação também aumentou em 1,5 pontos.

Mesmo com o movimento de descentralização da indústria total – extrativa, transformação, construção e serviços industriais de utilidade pública – cerca de 80% da indústria brasileira estão concentradas no Sul e Sudeste do Brasil.

Estados

São Paulo perdeu participação na produção nacional de 20 dos 24 setores que compõem a Indústria de Transformação entre 2007-2008 e 2017-2018. As maiores perdas se deram nos setores de celulose e papel, produtos de metal, vestuário e acessórios e máquinas e materiais elétricos.

O estado continua sendo o principal produtor de veículos automotores e manteve-se responsável por 52% da produção nacional do setor. Paraná subiu do 3º para o 2º lugar (com 13,8% da produção nacional), ultrapassando o estado de Minas Gerais (com 9,7%).

O estudo da CNI mostra que parte considerável dos estados que mais perderam participação no PIB da Indústria têm indústrias intensivas na produção do petróleo: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Veja algumas mudanças regionais:

– Santa Catarina ultrapassou São Paulo no setor de vestuário e acessórios, se tornando o maior estado produtor do Brasil

– Bahia foi o que mais ganhou importância na produção da indústria de transformação brasileira entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018. Teve esse ganho associado principalmente à conquista de uma maior parcela da produção brasileira de máquinas e materiais elétricos, borracha e material plástico, bebidas e produtos de minerais não metálicos, como cimento, tijolos e vidro.

– Pernambuco foi o segundo estado que mais ganhou importância na produção industrial. Aumentou em 1,3 ponto percentual a sua participação, por ter conquistado uma parcela maior da produção brasileira de Veículos automotores, Outros equipamentos de transporte, derivados do petróleo e biocombustíveis e produtos de metal.

– Paraná, com o terceiro maior ganho de participação na produção industrial brasileira na última década, se destaca com uma fatia adicional importante da produção nacional dos setores de impressão e reprodução, produtos de madeira, veículos automotores e celulose e papel.

– Rio Grande do Sul, quarto estado com melhor desempenho nacional do indicador de participação na indústria brasileira na última década, tem esse ganho associado principalmente aos setores de máquinas e equipamentos, derivados do petróleo e biocombustíveis, celulose e papel e produtos de metal.

– Mato Grosso do Sul se tornou um dos mais importantes para a produção do setor de celulose e papel na última década. O estado avançou da 14ª para a 3ª colocação no ranking nacional de maiores estados produtores do setor de celulose e papel. – Pará foi o estado que mais ganhou espaço na produção industrial nacional (+1,5 ponto percentual), em razão do aumento do valor adicionado de sua indústria extrativa. Entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018, o valor (nominal) da produção da Indústria extrativa do Pará registrou alta, em reais, de mais de 300%. Esse aumento é resultado de alta dos preços (172%), acompanhada de crescimento do volume produzido (76%).

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